8 de setembro de 2014

Se não sou eu, é ele...

O namorado está mal e eu começo a não saber o que fazer. No sábado fui ter com ele à Ericeira para passarmos a tarde juntos. Ele estava em baixo. Falámos, passeámos e lanchámos umas ameijoas bem boas…
Ele desabafou e segundo ele até se ficou a sentir melhor, mais aliviado. Deixei-o por volta das 20h, ele foi jantar e saiu com os amigos, como habitual. Para mim estava tudo normal… Ele deixou de me responder por volta das 23h mas disse que estava bem e que se estava a divertir e como não temos por hábito sufocarmo-nos, não insisti para ele falar. Se ele está mal, eu quero é que ele se divirta e fique bem mas… Com juízo!
Continuei na minha ignorância e no domingo, eram 14h e eu à espera dele porque vinha ter comigo a Lisboa. Que era feito do namorado? Não fazia ideia porque ele não me respondia… Estava a dormir. Tanto insisti em ligar que ele acordou e veio ter comigo. Apareceu-me completamente de rastos. Sinceramente nem sei como é que conseguiu andar 50km de carro até Lisboa. Estava com um aspecto horrível. Não tinha tomado banho, nem tinha comido nada. Já para não falar que tresandava a álcool. Quase que eu ficava alcoolizada com o bafo dele (juro que é a mais pura das verdades). Achei que não devia fazer muitas perguntas mas pelo que ele me disse, na noite anterior tinham saída, beberam uns copos e tinha acabado a noite com o irmão e um “amigo” no Ouriço (uma discoteca que costumamos frequentar).
Percebi que ele tinha bebido de mais. Não só pelo hálito, mas porque ele comentou que não se lembrava a que horas tinha ido para casa ou quanto tinha pago na tal discoteca. Tentei manter a calma, apesar desta informação toda estar-me a roer por dentro e enfiei-o na banheira! Ele acabou por se descontrolar e chorou compulsivamente como eu nunca o tinha visto… Percebi que era um choro nervoso e que vinha do fundo. Não era daquelas lagrimitas que (para mim) são habituais num dia a dia. Depois do banho, pu-lo a comer qualquer coisa, visto ainda não o ter feito, e acabou por vomitar. Ele raramente tem ressacas porque não costuma fazer misturas. Costuma beber cerveja e não foge muito disso. Mais uma vez mantive-me calada e ele achou que tinha de ir ver a conta bancária porque não se conseguia lembrar de quanto tinha pago na discoteca. Não preciso dizer que foi um balúrdio. Nem quando vamos os dois pagamos aquele valor. Dormiu o resto da tarde na minha casa e acabou por comer qualquer coisa ao jantar… Para aí metade do que eu comi e quem me conhece sabe que eu como muito pouco mas ninguém disse nada, eu tentei brincar com a situação e os meus pais, que numa situação normal iriam insistir para que ele comesse, também não disseram nada. Fizemos todos um esforço enorme para que ele se risse um pouco ou até falasse e ao fim da noite percebi que estava um pouquito melhor. Aquele é o ambiente familiar em que se sente bem e que não existe na casa dele. Por mim ele ficava uns tempos na minha casa até se restabelecer mas teimoso como é tenho as minhas dúvidas.
Estou muito preocupada com ele e sinto que sozinha não consigo fazer muito mais. Depois de pensar durante alguns dias decidi que tinha de ligar ao irmão dele e contar o que se está a passar… Eles vivem na mesma casa, com certeza terá mais oportunidades de falar com ele com mais frequência do que eu mas não, não foi isso que concluí. Apesar de viverem na mesma casa praticamente não se veem e ele ainda nem se tinha apercebido da gravidade do assunto. Foi importante termos falado porque eu contei-lhe tudo o que sabia e ele aos poucos acabou por me contar coisas que eu também não fazia ideia.
Basicamente fiquei a saber que a versão que ele me contou sobre sábado à noite não foi tal e qual o que se passou e, pior que isso, foi bem mais grave do que eu imaginava. Pelos vistos não se passou tudo com o grupo de amigos habitual mas sim com um conhecido que para além de ser bem mais velho que ele, não é nada boa influência. Não foram apenas ao Ouriço, já tinham ido a outra discoteca que tem fama de ser só porcaria (essa parte ele omitiu-me). Não saiu de lá com o irmão. Como já era muito tarde e já estava toda a família preocupada, o irmão que já estava a dormir teve de o ir buscar à discoteca e encontrou-o completamente desgraçado com o tal “amigo” a dar-lhe ainda mais álcool. E pior que isto tudo, sabemos que ele fez uma grande misturada de álcool e que há possibilidades do “amigo” ter-lhe dado mais qualquer coisa…
Neste momento quem está de rastos sou eu! Eu sei que preciso de ter força para o puxar mas não estou preparada para isso. O namorado tem abusado muito no álcool. Há tempos que ando a dizer que ele precisa de se controlar. Agora esta história. Omite-me coisas importantes, graves…
Não o vou confrontar com nada disto por combinamos que a nossa conversa ia ficar em segredo mas era essa a vontade que eu tinha!
Não sei que passo devo tomar a seguir. A vontade que eu tenho é de obrigar a sair de casa. Arranjar o espaço dele. Afastar-se daquela má influência.
Sei que não o posso fazer. Sei que tenho de lhe dar alguma margem de manobra. Sei que tenho de andar com ele de rédea curta porque ele anda sem controlo sobre si mesmo. Sei que ainda assim, não o posso dar muito a entender e no fundo sei que não sei se terei força suficiente para aguentar isto tudo!

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