O namorado está mal e eu começo a
não saber o que fazer. No sábado fui ter com ele à Ericeira para passarmos a
tarde juntos. Ele estava em baixo. Falámos, passeámos e lanchámos umas ameijoas
bem boas…
Ele desabafou e segundo ele até
se ficou a sentir melhor, mais aliviado. Deixei-o por volta das 20h, ele foi
jantar e saiu com os amigos, como habitual. Para mim estava tudo normal… Ele
deixou de me responder por volta das 23h mas disse que estava bem e que se
estava a divertir e como não temos por hábito sufocarmo-nos, não insisti para
ele falar. Se ele está mal, eu quero é que ele se divirta e fique bem mas… Com juízo!
Continuei na minha ignorância e
no domingo, eram 14h e eu à espera dele porque vinha ter comigo a Lisboa. Que
era feito do namorado? Não fazia ideia porque ele não me respondia… Estava a
dormir. Tanto insisti em ligar que ele acordou e veio ter comigo. Apareceu-me
completamente de rastos. Sinceramente nem sei como é que conseguiu andar 50km
de carro até Lisboa. Estava com um aspecto horrível. Não tinha tomado banho,
nem tinha comido nada. Já para não falar que tresandava a álcool. Quase que eu
ficava alcoolizada com o bafo dele (juro que é a mais pura das verdades). Achei
que não devia fazer muitas perguntas mas pelo que ele me disse, na noite
anterior tinham saída, beberam uns copos e tinha acabado a noite com o irmão e
um “amigo” no Ouriço (uma discoteca que costumamos frequentar).
Percebi que ele tinha bebido de
mais. Não só pelo hálito, mas porque ele comentou que não se lembrava a que
horas tinha ido para casa ou quanto tinha pago na tal discoteca. Tentei manter
a calma, apesar desta informação toda estar-me a roer por dentro e enfiei-o na
banheira! Ele acabou por se descontrolar e chorou compulsivamente como eu nunca
o tinha visto… Percebi que era um choro nervoso e que vinha do fundo. Não era
daquelas lagrimitas que (para mim) são habituais num dia a dia. Depois do
banho, pu-lo a comer qualquer coisa, visto ainda não o ter feito, e acabou por
vomitar. Ele raramente tem ressacas porque não costuma fazer misturas. Costuma
beber cerveja e não foge muito disso. Mais uma vez mantive-me calada e ele
achou que tinha de ir ver a conta bancária porque não se conseguia lembrar de
quanto tinha pago na discoteca. Não preciso dizer que foi um balúrdio. Nem
quando vamos os dois pagamos aquele valor. Dormiu o resto da tarde na minha
casa e acabou por comer qualquer coisa ao jantar… Para aí metade do que eu comi
e quem me conhece sabe que eu como muito pouco mas ninguém disse nada, eu tentei
brincar com a situação e os meus pais, que numa situação normal iriam insistir
para que ele comesse, também não disseram nada. Fizemos todos um esforço enorme
para que ele se risse um pouco ou até falasse e ao fim da noite percebi que
estava um pouquito melhor. Aquele é o ambiente familiar em que se sente bem e
que não existe na casa dele. Por mim ele ficava uns tempos na minha casa até se
restabelecer mas teimoso como é tenho as minhas dúvidas.
Estou muito preocupada com ele e
sinto que sozinha não consigo fazer muito mais. Depois de pensar durante alguns
dias decidi que tinha de ligar ao irmão dele e contar o que se está a passar…
Eles vivem na mesma casa, com certeza terá mais oportunidades de falar com ele
com mais frequência do que eu mas não, não foi isso que concluí. Apesar de
viverem na mesma casa praticamente não se veem e ele ainda nem se tinha
apercebido da gravidade do assunto. Foi importante termos falado porque eu
contei-lhe tudo o que sabia e ele aos poucos acabou por me contar coisas que eu
também não fazia ideia.
Basicamente fiquei a saber que a
versão que ele me contou sobre sábado à noite não foi tal e qual o que se
passou e, pior que isso, foi bem mais grave do que eu imaginava. Pelos vistos não
se passou tudo com o grupo de amigos habitual mas sim com um conhecido que para
além de ser bem mais velho que ele, não é nada boa influência. Não foram apenas
ao Ouriço, já tinham ido a outra discoteca que tem fama de ser só porcaria
(essa parte ele omitiu-me). Não saiu de lá com o irmão. Como já era muito tarde
e já estava toda a família preocupada, o irmão que já estava a dormir teve de o
ir buscar à discoteca e encontrou-o completamente desgraçado com o tal “amigo”
a dar-lhe ainda mais álcool. E pior que isto tudo, sabemos que ele fez uma
grande misturada de álcool e que há possibilidades do “amigo” ter-lhe dado mais
qualquer coisa…
Neste momento quem está de rastos
sou eu! Eu sei que preciso de ter força para o puxar mas não estou preparada
para isso. O namorado tem abusado muito no álcool. Há tempos que ando a dizer
que ele precisa de se controlar. Agora esta história. Omite-me coisas
importantes, graves…
Não o vou confrontar com nada
disto por combinamos que a nossa conversa ia ficar em segredo mas era essa a
vontade que eu tinha!
Não sei que passo devo tomar a
seguir. A vontade que eu tenho é de obrigar a sair de casa. Arranjar o espaço
dele. Afastar-se daquela má influência.
Sei que não o posso fazer. Sei
que tenho de lhe dar alguma margem de manobra. Sei que tenho de andar com ele
de rédea curta porque ele anda sem controlo sobre si mesmo. Sei que ainda
assim, não o posso dar muito a entender e no fundo sei que não sei se terei
força suficiente para aguentar isto tudo!
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